sexta-feira, junho 19, 2009

Entervista com Guilherme Jacinto, animador da Pixar

Em 2003, com o objectivo de um dia trabalhar no mundo da animação, Guilherme Jacinto mudou-se para S. Francisco para estudar na Academy of Art University. Quando este jovem brasileiro chegou aos EUA, não tinha qualquer crédito no mundo da animação norte-americana, o que deixou todos renitentes quanto à sua qualidade, no entanto, Guilherme sempre acreditou no seu valor. Trabalho após trabalho, lá consegui um estágio na Pixar, onde soube agarrar a oportunidade. Para estreia, deram-lhe Wall-E…
Assim, aos 23 anos, já conta com duas mega produções no currículo, pois também trabalha como animador no novo sucesso da Pixar, UP.

A animação sempre foi um dos teus objectivos?
Sempre gostei de desenhar comics e coisas do género. Quando vi o Toy Story, isto em 1995, quando apenas tinha 10 anos, ganhei um gosto especial pela animação, mesmo sem saber todo o processo que está por trás de um filme de animação… E a minha vinda para S. Francisco, fez com que eu concretizasse este objectivo.

Quando eras ainda jovem, onde ias buscar inspiração para os teus desenhos? E agora? Onde de onde vem essa inspiração?
Eu lia muitos comics, tipo “Spider-Man” e via muitos desenhos animados na TV. Desde sempre a minha inspiração foi as minhas próprias vivências… Actualmente, desenho o que me vem à cabeça, tendo como base pessoas que conheço, mas é algo natural…

Como é que conseguiste entrar para a Pixar?
Durante o 3º ano do meu curso, consegui um estágio na Pixar durante um ano. No ano seguinte, concluí o curso e eles ofereceram-me trabalho… eu eu aceitei…

Eras um novato, acabado de sair da universidade e aterraste na Pixar. Não achas surreal?
Sim… bastante…

Quais foram as tuas funções em “WALL-E?”
Fiz exactamente o mesmo em “WALL-E” que fiz em “Up,”… basicamente trabalhei um pouco em todos os personagens. Na Pixar nós não trabalhamos num ou noutro personagem em concreto, trabalhamos um pouco em cada personagem, sempre em cenas diferentes…

Na tua opinião porque é que a Pixar está sempre na frente no que diz respeito à animação?
Antes de lançarmos uma história, trabalhamos muito tempo nela, de modo a atingir a originalidade total. Queremos que as pessoas achem que estão diante de algo especial. Tudo tem que ser autentico, não gostamos de trabalhar com base em nada previamente criado, assim não corremos riscos de associarem as nossas histórias com outras já existentes.

Como foi trabalhar em “Up”?
Senti que estava diante de um desafio, pois o estilo de animação era bem diferente do que tinha feito antes, mais estilizado. Trabalhei em quase todas as personagens, o que nos exige de nós muita concentração e empenho, de modo a que tudo fique com a qualidade que nos exigem.

Uma das piores coisas na animação é o sincronismo da voz com o personagem. Esta é uma prioridade para ti como animador?
Claro, acho mesmo que é uma das partes mais importante no meu trabalho. Queremos que as pessoas sintam que o personagem está realmente a dizer aquilo que estão a ouvir. Estudamos horas infinitas cada personagem, só assim conseguimos obter os resultados exigidos…

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